Intervenção de Candidatura a Secretário-Geral do PS
Caras e caros camaradas Amigos e amigas,
Começo por vos agradecer a vossa presença. É reconfortante sentir o vosso carinho e o vosso apoio.
Apresento, perante vós, a minha candidatura a Secretário-Geral do PS. Apresento-me por decisão individual baseada na avaliação do momento que vivem o PS e o país.
Fui candidato há um ano e meio atrás. Defendi uma linha política que obteve cerca de 38% dos votos dos militantes socialistas.
Democraticamente aceitei os resultados, colaborei com lealdade com o Secretário-Geral eleito, o Pedro Nuno Santos, que aqui saúdo fraternalmente.
Volto a ser candidato porque continuo convencido de que a visão que defendo para o PS, o modo como entendo que ele se deve posicionar na sociedade portuguesa, correspondem ao que os militantes e os portugueses esperam dele.
Sou candidato por opção, mas também por sentido do dever. O meu dever, como o de todos os socialistas responsáveis, é levar o PS de novo para um lugar à altura da sua história e ganhar de novo a confiança dos portugueses para um projeto democrático, progressista e reformista.
Exorto os socialistas a atuarem com esse mesmo sentido de dever perante o país e o futuro do seu partido. Apelo aos socialistas para que se unam na sua diversidade para iniciar o caminho de volta que a defesa dos nossos ideais nos pede. Aqueles que serão deixados para trás por políticas neoliberais, aqueles que serão discriminados por políticas conservadoras, aqueles cuja qualidade de vida não melhorará porque as visões ideológicas da direita não conduzirão a melhores salários, a
melhores serviços públicos, a mais bem-estar, não nos perdoarão se ficarmos agora a olhar para o nosso umbigo ou nos entretivermos a golpearmos reciprocamente a nossa credibilidade e as nossas qualidades, em vez de nos organizarmos para os defendermos a eles que são a razão de ser e de existirmos como partido.
Sou um homem do socialismo democrático. Um progressista com profundas convicções humanistas. Defensor intransigente da igual dignidade de todo o ser humano.
Peço-vos, aos militantes socialistas, confiança para liderar o PS. Um partido com um percurso notável na sociedade portuguesa, de que muito nos orgulhamos. De serviço à Liberdade, à Igualdade e à Solidariedade e consequente preocupação com a Justiça Social em Portugal.
Mais de cinco décadas de serviço às portuguesas e aos portugueses.
Sei e vós sabeis também que o nosso partido está a viver um momento difícil. Com toda a humildade democrática, temos de reconhecer a evidência: o Partido Socialista teve, nas eleições legislativas, o resultado que não desejava.
Perdemos para a direita em todos os grupos sociais e porque, pela primeira vez, perdemos a representação da emigração, embora sejamos o único partido que elegeu deputados por todos os círculos do território nacional.
Uma coisa sabemos. Todos fomos obreiros de momentos bons e menos bons. O que procurarei fazer e vos peço que façam é uma análise profunda daquilo em que falhámos, de quando falhámos, do que devíamos ter acautelado.
Infelizmente os socialistas portugueses não estão sozinhos nessa necessidade de reflexão. A polarização e a radicalização globais têm vindo a produzir efeitos deste tipo sobre os partidos da mesma matriz, que é a nossa, do socialismo democrático,
incluindo os partidos trabalhistas e os verdadeiramente sociais – democratas. Mas esse contexto internacional adverso não nos isenta da necessidade de reflexão sobre a nossa própria responsabilidade.
Mas desengane-se quem confunde essa reflexão com tentações de ajustes de contas internos ou com cedência a tentativas de aproveitamento por parte dos nossos principais opositores.
Ela deve ser feita aos diferentes níveis de responsabilidade, no tempo, no espaço e da forma institucional adequados à defesa do PS, com sentido de autocrítica rigoroso e sem vedetismos de quem sobreponha aspirações individuais próximas ou longínquas à defesa do interesse superior do grande partido do socialismo democrático que somos.
Análise e debate? Sim, ao máximo. Ataques pessoais e superficiais na praça pública? Não, nunca. Comigo não contam para isso.
Por vezes, os dirigentes dos grandes partidos gostam excessivamente de se ouvir a si mesmos e uns aos outros.
Por vezes distanciam-se do que pensa o povo e os setores mais dinâmicos da nossa sociedade. Do que pensam e sentem aqueles que representam e cujas aspirações devem defender.
Por vezes têm a tentação de falar, falar muito, falar sempre.
A democracia necessita que a maior preocupação de um político seja outra. Seja ouvir.
Precisa que os dirigentes políticos sintam como seus os problemas dos outros, tenham empatia com quem vive em dificuldades, entendam os sonhos e interpretem as aspirações de quem quer mais e melhor.
Temos o dever de saber ouvir e dar voz às pessoas e às suas expressões cívicas e institucionais.
O PS que defendo e quero reerguer convosco assumirá esse dever, terá essa capacidade e repensar-se-á da base às cúpulas para o fazer. Acredito que esse é o caminho que temos de percorrer em conjunto para voltarmos a fazer do PS o maior partido português.
Para termos as políticas progressistas certas, com apoio das pessoas. Essa tem de ser a nossa ambição. Essa é a ambição com que parto para esta candidatura.
O PS é o grande partido da esquerda democrática em Portugal. Interclassista e intergeracional. A sua história confunde- se com a da Democracia portuguesa e do seu desenvolvimento. Tenho a convicção profunda de que estes resultados eleitorais são conjunturais e não refletem uma alteração da estrutura de valores dos portugueses.
Os nossos valores continuam a ter vocação maioritária no País. E cabe-nos a nós, socialistas, que neste momento conduzem o Partido, estar à altura da responsabilidade de os defender e promover.
Um partido de princípios, defensor da Liberdade, da Igualdade de oportunidades, do Progresso e da Justiça Social. O PS esteve e estará sempre do lado da defesa da Democracia e da formulação de políticas que respondam às necessidades do País e aos anseios e inquietudes das pessoas.
Temos de restabelecer a confiança nas instituições e a esperança na Democracia. Temos de construir uma ambiciosa agenda de progresso para Portugal, para as portuguesas e para os portugueses. Na economia, na cultura, da educação, no conhecimento, na habitação, na qualidade de vida.
Temos de garantir que os bons resultados da Economia chegam à vida das pessoas. E de garantir que são protegidas quando os resultados económicos são menos favoráveis. Isso significa também valorizar os empresários e as empresas que, com responsabilidade social, criam riqueza e criam emprego.
Temos de assegurar serviços públicos de qualidade por todo o território e para as comunidades portuguesas no estrangeiro.
Temos de garantir a sustentabilidade e a adequação da segurança social.
Temos de protagonizar políticas que permitam a emancipação dos mais jovens, nomeadamente no que diz respeito ao emprego, aos salários e à habitação.
Temos de saber atender a todas e a todos, sem deixar ninguém para trás, com especial carinho pelos nossos mais idosos.
Temos de saber proteger as vítimas da violência, nomeadamente as crianças, os adolescentes, os jovens, as mulheres e os idosos.
É também importante que sejamos capazes de responder às aspirações legítimas das gerações mais jovens e encontrar respostas coletivas e solidárias para os problemas que enfrentam, combatendo tendências individualistas que estão a crescer no seu seio.
Temos de revelar coragem e solidariedade na valorização das autonomias regionais e insulares.
Temos de agir para a credibilização das instituições democráticas e temos de nos empenhar seriamente no aprofundamento do Estado de direito e na melhoria da qualidade de democracia.
Temos de ser exigentes em matéria de transparência do Estado e de luta contra a corrupção.
Temos de mostrar ao País que somos o único Partido capaz de oferecer respostas sérias e sustentáveis aos problemas reais do dia-a-dia das pessoas.
Para isso temos de ser determinados e enérgicos na oposição àquilo de que discordamos e que vemos como retrocessos, como temos de ser responsáveis, ponderados e ativos na procura de caminhos que aprofundem os consensos democráticos na nossa sociedade.
O PS não é um partido da crítica pela crítica, nem é um partido que possa transigir com caminhos de retrocesso económico e social. Comigo na liderança, o PS não terá receio de promover e defender consensos democráticos, nem será tíbio na oposição ao regresso das políticas que ponham em causa valores e princípios fundamentais da esquerda democrática.
Sabemos o nosso lugar. Somos um pilar do regime democrático e somos os líderes do espaço progressista. Jurámos e defendemos a Constituição da República, acreditamos no aprofundamento da democracia e queremos um Portugal mais europeu, mais próspero e mais coeso.
Tudo o que tivermos de fazer para o garantir, faremos sem estados de alma e com a convicção de estarmos a cumprir os nossos deveres perante as cidadãs e os cidadãos.
Este cidadão que está aqui perante vós é um homem nascido e criado em Baião, que sabe a diferença entre o fascismo e a democracia, agradecido à democracia pelas oportunidades que a ditadura nunca lhe daria, feito na escola pública, que sabe que os portugueses construíram a pulso as grandes melhorias que viveram nos últimos cinquenta anos.
É um homem que não tem dúvidas sobre a grande superioridade do regime democrático dos últimos cinquenta anos, sobre os horrores de uma ditadura que nos levou para uma guerra injusta, que condenou toda uma geração à emigração maciça, que prendia e oprimia, incapaz de vencer o analfabetismo e a mais profunda miséria.
Todos os que tentarem desvalorizar a grande obra da democracia serão sempre os nossos primeiros e maiores adversários.
Este cidadão que está aqui perante vós é uma pessoa que procurou dedicar a sua vida ao serviço público, não esteve nunca à espera de, confortavelmente, ser chamado aos corredores do poder.
Ao longo da vida, procurei sempre aprender com cada experiência que tive.
Fui Vereador na oposição durante oito anos e Presidente de Câmara durante dez. Estive dez anos no Comité das Regiões na União Europeia e presidi a uma das suas Comissões.
Presidi a um Agrupamento de Centros de Saúde com cinco municípios e mais de 250 mil pessoas.
Fui Presidente de uma Cooperativa de Desenvolvimento Regional, gestora de um Programa Europeu de desenvolvimento local.
Conheci a nossa diáspora no mundo como Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.
Servi o PS como Secretário-Geral Adjunto, tendo como Secretário-Geral António Costa.
Fui ministro da Administração Interna (MAI) e, como deputado, servi nos Assuntos Europeus, Defesa e Negócios Estrangeiros.
Quero dizer-vos que aprendi muito com cada uma destas experiências.
Na oposição autárquica aprendi o valor do respeito democrático pelo contributo das minorias políticas. A noção da transitoriedade do poder.
Percebi claramente a importância de uma oposição responsável, firme, crítica e construtiva. A cada crítica, uma proposta política alternativa e fundamentada.
Por ter aprendido a ser oposição é que pude dar o meu melhor quando estive do lado do poder.
No desempenho de funções de maioria, sempre respeitei e ouvi os que, na oposição quiseram contribuir com as suas propostas.
E fui mais longe na cultura de envolvimento dos cidadãos no processo de decisão e na prestação de contas. Dei resposta às preocupações do dia a dia. Sem esquecer de dar prioridade às questões de médio e de longo prazo.
No trabalho ao nível local aprendi que a todos os níveis se pode trabalhar para resolver os problemas das pessoas.
Nas funções de maioria, colocámos a Educação, a Formação e a Cultura como o primeiro esteio da cidadania e do desenvolvimento.
Fomos dos que mais progrediram no combate ao abandono e ao insucesso escolares.
Na Saúde, planeámos e executámos novas respostas de proximidade: novos equipamentos de saúde, a Unidade Móvel de Saúde, o reforço dos cuidados ao domicílio e o alojamento para os jovens de medicina geral e familiar, o que contribuiu para que a cobertura com médico de família fosse reforçada de modo muito significativo.
Como responsável de um agrupamento de centros de saúde, pude constatar que somente uma melhor integração entre os cuidados primários e os cuidados hospitalares poderá dar resposta às pessoas e sustentabilidade ao SNS.
A experiência como responsável por uma Cooperativa de Desenvolvimento Regional mostrou-me como a cooperação e a parceria entre os poderes públicos, sociais e privados permite conceber e aplicar mais eficazmente estratégias de desenvolvimento locais.
A experiência como Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas permitiu-me apreender como a diáspora já é, e pode ser ainda mais, um fator estratégico da Política Externa Portuguesa e como ela contribui para o desenvolvimento dos países de acolhimento e também para o desenvolvimento nacional.
Estive em todos os continentes e não falhei aos portugueses nos momentos mais críticos das suas vidas. Não me escondi no vazio das declarações formais. Fui ao seu encontro.
Várias vezes, com as forças de segurança, com os serviços da proteção civil, dos bombeiros, do INEM, e das forças armadas apoiar e resgatar os portugueses em perigo.
No grande acidente rodoviário em Lyon.
Nas Caraíbas, durante e após o Furação Irma.
Em Moçambique no ciclone Idai.
Na Venezuela para libertar os portugueses detidos sem justa causa e criar, a partir do nada, uma rede de apoio médico nos diferentes Estados.
No Brexit para proteger os cerca de 300 mil portugueses no Reino Unido.
O mesmo aconteceu com as vítimas dos atentados terroristas.
Estive sempre próximo para garantir que o Estado não é uma abstração.
O Estado é a comunidade nacional que se organiza politicamente e que se capacita para responder à segurança, à defesa, à proteção civil e ao bem-estar. Para apoiar os portugueses que estão cá e os que estão no estrangeiro. E foi nas Comunidades que avancei com o Recenseamento Automático, abrindo as portas à participação eleitoral a mais de 1 milhão e 300 mil portugueses.
E estive na origem do Programa Regressar, dizendo aos nossos emigrantes que temos o País de braços abertos para os acolher.
Governar é nada mais nada menos que servir. Nisso começa e nisso acaba. Foi o que aprendi nas funções de Secretário de Estado e depois de Ministro.
Como ministro, tive a honra de aprovar uma nova Lei de Programação de Investimentos em Infraestruturas e Equipamentos com um valor de investimento superior a 607 milhões de euros; de lançar um plano de construção, recuperação e aquisição de imóveis para alojamento dos polícias e guardas; de contribuir para a Estratégia Integrada de Segurança Rodoviária e para a aprovação da Estratégia Integrada de Segurança Urbana.
Executei a deliberação da Assembleia da República relativa à reestruturação do SEF e contribuí para o dever de deixar o Estado mais seguro nas suas fronteiras.
Os meios humanos e tecnológicos hoje ao serviço da segurança da fronteira externa da União Europeia são muito superiores em número e em capacidades. Onde outrora estavam cerca de um milhar de inspetores do SEF, estão hoje muitos mais recursos da PSP, da GNR e da PJ. Muitas das investigações criminais relacionadas com as redes de imigração ilegal e com o tráfico de seres humanos em curso, e cujos resultados começam a ser públicos, são o fruto dessa mudança.
Extraí de tudo isto a lição de que nas funções de soberania o espírito de cooperação e parceria é vital para a confiança entre todos os atores do Sistema de Segurança Interna (SSI) e para a confiança dos cidadãos no Estado de direito.
A Jornada Mundial da Juventude é disso um bom exemplo. Também no MAI realizámos o trabalho para o voto em mobilidade para todo o território nacional e no estrangeiro. Mais uma vez, valorizámos a democracia e reforçamos as condições para a participação eleitoral.
Ter trabalhado no território, nas questões sociais, mas também nas funções de soberania, na Administração Interna deu-me a visão que aqui defendo perante vós de que os progressistas não se podem deixar prender na crítica fácil, têm de se empenhar na resolução dos problemas que as pessoas enfrentam, seja qual for o domínio em que atuam. Para o fazerem têm de ter programas bem fundamentados, ideias claras, caminhos estudados.
As lições aprendidas ao longo de uma vida de quase 30 anos de serviço público, como político, mas, também, como aluno e
como docente, como colaborador da imprensa, dão-me uma grande clareza no modo como olho para os complexos desafios que o País tem de enfrentar e sobre como o PS se deve posicionar para servir Portugal.
Seremos o partido da oposição responsável e firme ao governo. Mas isso não deve impedir os consensos democráticos, nomeadamente na política externa e europeia, na Defesa, na Segurança, na Justiça e na organização e reforma do Estado.
Temos uma visão clara:
Perante as dificuldades que o País tem nesta dimensão, exige-se uma reflexão abrangente por parte de todos os agentes –
magistrados, advogados, demais profissionais da Justiça, da academia, dos partidos políticos e da sociedade civil – no quadro de um Compromisso duradouro para a Justiça;
A nossa primeira prioridade neste momento está em garantir que Portugal honra os seus compromissos europeus e atlânticos. Nomeadamente em termos de investimento na Segurança e na Defesa. Estamos disponíveis para o esforço comum europeu e atlântico e para darmos o nosso contributo para um Plano Nacional de Capacitação Militar-Industrial.
Esta iniciativa deve integrar os esforços de vários ministérios, instituições do sistema científico nacional e do tecido empresarial. Os exemplos da Tekever, em Ponte de Sor, e da Embraer, em Évora, mostram os seus efeitos na economia, no emprego e na coesão.
A segunda grande prioridade, e que se relaciona com esta, tem de estar no crescimento da Economia, com a criação de emprego, com a estabilidade orçamental e com a redução da dívida pública, que são marcas impressivas das últimas governações do PS. Não é um capricho.
É a condição para que o País mantenha a sua autonomia e goze da credibilidade essencial à atração de Investimento Direto Estrangeiro, fundamental ao financiamento da nossa economia. E é bom que o governo tenha em atenção os alertas sobre a situação económica e financeira global, europeia e nacional.
Se o apoio às Pequenas e Médias Empresas é decisivo, dada a sua capilaridade e relevo na resiliência da nossa economia, é necessário contribuir para que o associativismo, a cooperação e a integração empresarial dê dimensão para enfrentar a competição dos mercados internacionais.
Durante o exercício dos nossos últimos governos foi um período em que não só alcançámos um superavit nas contas públicas, como fomos capazes de crescer mais que a média da União Europeia, de criar mais emprego, de aumentar salários e valorizar as pensões.
Foi um dos períodos da nossa história em que mais investimento direto estrangeiro conseguimos atrair, capitalizando e modernizando o tecido económico.
As pensões e as prestações sociais tiveram atualizações constantes.
O descongelamento e as progressões nas carreiras restabeleceram a relação de confiança com a Administração Pública.
Mais 8 mil professores vincularam-se e aproximaram-se da sua residência. E depois das revisões das carreiras gerais, estava em curso o diálogo tendente à revisão das carreiras especiais.
E todos nos lembrámos bem de como foram necessários recursos humanos na administração e garantir o provimento de bens e serviços públicos essenciais, extintos nuns casos e fragilizados e/ou exauridos durante o período da assistência financeira.
Fizemo-lo com as contas públicas em ordem. Sejamos claros: derramar o saldo orçamental, legado pelos governos do PS, sobre os problemas que são estruturais pode comprar momentaneamente a paz social, mas não é a solução de fundo que o País precisa. O País precisa de uma administração pública desburocratizada, motivada, capacitada e uma despesa mais eficiente. É na eficiência da despesa primária do Estado que deveremos encontrar as fontes financeiras para uma maior justiça fiscal. Isso exige vontade, competência e um impulso reformista.
Defendemos uma Economia baseada no conhecimento.
Na inovação.
Na criatividade.
Capaz de integrar os recursos nacionais na cadeia de valor e está nas redes de valor globais. Criar riqueza.
Apostar na criação de emprego.
Diversificar e qualificar o tecido empresarial promovendo novas oportunidades para os mais jovens.
Apostamos na transição digital, na transição energética e nos impactos da inteligência artificial. Se no passado foi necessário encontrar respostas europeias para fazer face aos choques da globalização, hoje é necessário reforçar essas respostas comuns para enfrentar, simultaneamente, a globalização e a “desglobalização”, a competição comercial e os impactos tecnológicos.
Se o método das agendas mobilizadoras deve ser replicado e fortalecer a relação entre o sistema científico nacional e a base produtiva do País, tanto nos setores tradicionais, como nos setores de ponta, defendo o modelo dos Contratos Territoriais de Desenvolvimento e Coesão como instrumentos de valorização dos recursos do território e de criação de emprego em regiões de baixa densidade, insulares ou de fronteira.
Com o Partido Socialista, a Cultura e o Conhecimento terão sempre uma centralidade essencial na construção de um país mais desenvolvido, moderno e progressista.
Não podemos, pois, deixar de manifestar a nossa preocupação com os primeiros sinais deixados pelo novo governo da direita nesta matéria.
Dirijo-me a todos os portugueses, socialistas e não socialistas:
O PS é e será o partido da defesa intransigente do Serviço Nacional de Saúde, que pode e deve ter complementaridades e cooperação com o setor social e privado; de uma Escola pública de qualidade, que estimula a autonomia e a responsabilidade; da Segurança Social pública. Do combate à pobreza e às desigualdades. As portuguesas e os portugueses podem contar com a nossa fidelidade a estes princípios fundamentais, que fazem parte do ADN do nosso Partido. Não lhes faltaremos.
Não falharemos aos nossos mais idosos nem aos setores mais desprotegidos da sociedade.
Mas temos de ser capazes também de retomar a nossa ligação com os setores mais dinâmicos da nossa sociedade, na área da Cultura, da Ciência, da Academia, da Inovação e das Empresas.
Não falharemos aos nossos jovens. Queremos que sintam que existirão em Portugal condições para a sua plena realização pessoal, familiar e profissional. Com eles queremos estabelecer um pacto de confiança, que passará pela definição de metas claras para o nosso futuro coletivo. Uma nova agenda para o futuro. Ambiciosa e que contenha:
Camaradas,
Sei bem os desafios que temos pela frente e quero aqui deixar muito claro que a nossa prioridade imediata são as eleições autárquicas.
Nelas defenderemos as marcas das autarquias socialistas, que acreditamos que são um poderoso antídoto contra a progressão populista. Estaremos em todo o país em listas próprias.
Mas procuraremos convergências progressistas onde elas se revelarem necessárias, sólidas e ganhadoras.
Contamos com as candidatas e os candidatos que apresentámos para mostrar a quem disso precisar o elevado nível de confiança do povo nos socialistas.
A descentralização, as políticas sociais, o desenvolvimento regional e a valorização das economias locais fazem parte do nosso património no poder local democrático.
Todos temos o dever de estarmos ao lado dos milhares de autarcas e candidatos a autarcas que, hoje e por todo o país, estão em diálogo com as comunidades locais.
É no poder local que residem os alicerces da nossa democracia.
É lá que mais se rejuvenesce a esperança quotidiana na melhoria das condições de vida.
Na Saúde.
Na economia.
No emprego.
Na Habitação.
Na Educação.
No combate à pobreza.
Na Cultura.
No desporto.
No recreio e no lazer.
Nas identidades e vivências do espaço público.
Os autarcas do PS e o trabalho que desenvolvem ao serviço das populações são uma das grandes riquezas do nosso Partido. As eleições autárquicas são um momento decisivo na integração de jovens e de mulheres na vida política. Sim. Esta é uma orientação para os nossos dirigentes: é necessário ter mais mulheres e mais jovens nas nossas listas.
Sim. Sei que há quem esteja centrado nas eleições presidenciais. Compreendo e saúdo os que têm coragem e disponibilidade para servir o País. Lá chegaremos. Mas, quero que fique muito claro: é o PS que define a sua agenda e é o PS que define a hierarquia das suas prioridades.
As autárquicas serão já em fins de setembro, princípio de outubro. As presidenciais serão só em 2026. Cada coisa, a seu tempo!
Sei bem qual é o meu dever no que respeita à defesa da autonomia e unidade estratégica do PS.
Camaradas,
Com toda a humildade democrática, apresento-me diante de todas e de todos vós com o espírito de servir o PS e de servir Portugal.
Quero um Partido Socialista aberto a todos que se revejam nos nossos valores, disponível para ouvir todas e todos os
portugueses.
Temos de ir de encontro às pessoas.
Falar com elas.
Ouvi-las onde elas estiverem.
Fazer-lhes sentir que são escutadas e que a sua opinião conta.
Restabelecer uma relação de confiança entre o nosso Partido e os portugueses.
Voltar a fazer do PS o partido central do nosso sistema político, o Partido do socialismo democrático, um Partido progressista, aberto, tolerante e agregador.
Esta não é uma tarefa de uma pessoa só.
É uma tarefa de todas e de todos os socialistas.
De cada um de vós, de cada um de nós.
Todos.
Unidos em nome dos nossos ideais, da nossa visão para o país que é o nosso: Portugal.
Como candidato a Secretário-Geral do PS irei ao encontro de todos.
Procurarei a unidade e conto com todos.
Sou ponderado e firme nas minhas decisões.
Saber ouvir e dar voz às pessoas! Este será o nosso caminho para servir Portugal.
Convoco-vos a todas e a todos para fazermos este caminho em conjunto. Caminhemos juntos ao encontro dos portugueses!
Viva o PS! Viva Portugal!
07.05.2025
José Luís Carneiro